Ele era conhecido pela calma e discrição. Nunca aprofundamos nosso contato aluna-professor. Mas o seu jeito tímido despertaram em mim um profundo respeito e carinho.
Além de ser nosso professor em Teoria da Comunicação e Redação, era o coordenador de curso.
Por isso, sofria em sala de aula quando começávamos a reclamar de algo: "Esse assunto, só no intervalo, não vamos discutir durante a aula", ele dizia.
Suas famosas paradas em frente ao quadro, segurando o pincel pilot e olhando para cima, tentando lembrar o que estava falando, são recordadas com muito carinho. Ele também tinha o talento de fazer um R parecer um N, o que exasperava muita gente na hora de entender o que estava no quadro.
Não era para brincadeiras. Lembro do seu meio sorriso, quando contei que o Chapolim era burro porque era Colorado. Quando contava algo engraçado, ia diminuindo a voz até que nem os que estavam na frente entendiam o final da piada. Mas ríamos juntos, dele e com ele.
De vez em quando soltava umas pérolas, como quando disse a nossa turma que achava a disciplina de Teoria da Comunicação inútil. "Não sei nem porque dão essa matéria", desabafou.
Mas era um bom professor. Em Redação, sofri muito com as notas que não eram o que eu esperava. "Será que escrevo tão mal?", pensava. Ele, além de dar a nota, fazia pequenas anotações, corrigindo nossos erros e nos aperfeiçoando.
O primeiro 10 que ele me deu. |
Quando tirei meu primeiro 10, falei: "Finalmente reconhecesse o meu talento!". Ele sorriu e respondeu: "Eu reconheço o talento de todos vocês, sempre!".
Quando ele veio na sala, após uma ausência, explicar que se afastaria para cuidar da saúde, todos nos espantamos com seu tom amarelado. "Calma, não é contagioso."
Professor, não estavamos preocupados com contágio algum, e sim com você!
No seu aniversário, em agosto do ano passado, fizemos uma surpresa. Compramos um livro, e fizemos um varal com mensagens de carinho e amor. Sempre engraçadinha, escrevi: "Parabéns! Força, os leoninos é que comandam!".
Além de ter o mesmo signo que o meu, ele também gostava do bom e velho rock n' roll.
Nunca acreditei que a doença o venceria. Nunca.
A última vez que o vi, no hall da faculdade, ele conversava com um grupo de amigos. Feliz, abri um sorriso e dei um abraço apertado. O último. Vi a surpresa em seus olhos com a demonstração de carinho. Espero que ele saiba o quanto foi querido e amado enquanto esteve conosco.
Fernando Arteche Hamilton |
Ontem eu vi o quanto senti saudades.
Vai estar na minha memória, sempre.
que bacana, Fran... simples e verdadeiro.
ResponderExcluiruma bela homenagem. O amado prof. Arteche estará sempre nos nossos melhores pensamentos.
upaaa com muito carinho.
Nane
Poxa, Fran...
ResponderExcluirMuito bonito o texto. Tuas palavras e tua atitude de escrevê-lo.
Sinceramente, fiquei emocionada.
Vai fazer falta mesmo!
Beijokas